quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Escritores mirins de Natuba


Os escritores mirins de Natuba
Quarta-feira, 29 de setembro de 2010



Mata Sul // Na zona rural de Vitória de Santo Antão, crianças entre sete e dez anos de idade publicam livros artesanais e mudam realidade escolar
Rafael Dias
rafaeldias.pe@dabr.com.br


Iago do Prado escreve com empenho digno de profissional Foto: Inês Campelo/DP/D.A Press

Os livros são feitos de papel ofício dobrado, alguns grampeados, com gravuras desenhadas à própria mão e, assim como seus donos, carentes de serem lidos. Improvisados em sala de aula, são o único suporte a que crianças da Escola Estadual de Natuba, na zona rural de Vitória de Santo Antão, têm à disposição para registrar aquilo que brota de suas imaginações soltas. O suficiente, porém, para fazerem uma pequena revolução na terra do escritor Osman Lins, exemplo de que o livro pode transformar uma realidade de desinteresse escolar e bullying.

Os escritores mirins de Natuba, que moram na comunidade homônima situada a cerca de 15 minutos do centro de Vitória por um acesso de terra batida, têm lida de gente grande. Ano passado publicaram oito livros, deste modo artesanal, e chegaram até a participar de uma tarde de autógrafos na própria escola. Autores na faixa etária entre sete e dez anos, eles não brincam quando a lição é escrever, tamanha a produção. Só neste ano já passa de 30 contos elaborados pelos alunos dos 3º e 4º anos (antigas 2ª e 3ª séries) do ensino fundamental.

Iago do Prado e Rafaela da Silva Souza, com 10 anos cada, são estudantes do 4º ano e escrevem com afinco de profissionais. Assim como outros colegas, foram "picados" pela literatura. "Quando começo a ouvir as histórias e ler os livros, dá vontade de escrever", disse Iago, que gosta de Vinícius de Moraes. Rafaela é fã da escritora infanto-adolescente Ruth Rocha. Nenhum dos dois sabe quantas histórias já criou. "Adoro criar histórias sobre a natureza", revelou Rafaela.

O fenômeno na Escola de Natuba começou há três anos a partir do projeto denominado Leitura no Pátio. Inicialmente, as atividades consistiam em leitura de livros na sala de aula. Em seguida, os estudantes eram incumbidos de relatar o que apreenderam da narrativa. No entanto, eles acharam pouco. Estimulados, queriam criar suas próprias histórias. O resultado foi um aumento na motivação dos alunos e na frequência e na matrícula escolar. Dos 173 matriculados ano passado, a escola conta com 322 estudantes neste ano letivo.

"Os livros surgiram espontaneamente. Já trabalhei em escola particular e nunca vi um interesse pela literatura deste jeito", comentou o professor e gestor da unidade, Antônio Arnaldo, que há um ano dirige a escola e, ao perceber a função pedagógica do livro, resolveu ampliar o projeto de leitura. Hoje, além das atividades de leitura três vezes por semana, a direção desenvolve o projeto de um jornal com alunos do 9º ano do ensino fundamental.

Mudança - Outro avanço na escola foi o uso do fardamento, que ganhou adesão quase geral. Filhos de camponeses, os alunos costumavam ir estudar de chinelo. "Agora 90% usam sapato e a roupa escolar. Os pais agora vêm até a escola para comunicar se o filho está doente e terá de faltar. As agressões por bullying também diminuíram", disse o gestor.

Recentemente, a escola teve o pátio, telhado, as três salas e a cozinha reformados, mas o colégio continua carente de um refeitório. O momento do lanche das crianças é improvisado na própria sala de aula.

Confira o trecho de alguns livros:

Trecho do conto "Os animais aquáticos"



Tem o peixe-pato, nosso amigo de fato
Tem o peixe-espada que é feito nenhum outro
mas ele é legal

com sua espada parece um guerreiro de armadura e capa
Tem o polvo nadando com seus tentáculos e soltando sua tinta por aí
Tem a arraia que rima com saia
mas parece uma pipa voando, quer dizer, nadando (...)

Rafaela de Souza, 10 anos

Trecho do conto O livro mágico

Era uma vez um livro que falava
E tudo o que as pessoas liam, elas viam que era verdade
Quem não acredita nessas palavras que estão no livro, neste livro e nos muito mais
outros que vivem na biblioteca?
Um dia uma menina pequena de cinco anos
Foi lá buscar um livro para ler

E gostou muito do livro
Mas como ela não podia trazer livros
Pegou um carrinho e trouxe um bocado de livro
Ela ainda não estudava.
No outro dia, o pai disse: Eu vou levar você à escola
A menina ficou tão alegre que disse obrigada, pai.

Iago do Prado, 10 anos


Fonte: Diário de Pernambuco



Leia Mais : Projeto de escritores mirins de Natuba precisa de ajuda

Projeto Escritores mirins de Natuba

Escola de Natuba
Povoado de Natuba, s/n – Vitoria, PE
Email: natubas@hotmail.com, Fone: 81-3557-2017

Projeto Escolar:

“Escritores Mirins”
de Natuba


Vitória, PE


Apresentação:

Este Projeto intitulado “Escritores Mirins”, veio para incentivo dos alunos em sala de aula quanto à leitura e escrita. O mesmo traz a importância para a sala de aula e leva os alunos a valorizarem a literatura infantil, dando ênfase ao que está sendo estudado de uma forma diferenciada e prazerosa.


Justificativa:

É necessário que toda criança, desde o início de sua escolaridade, desenvolva as habilidades as quais são apropriadas a sua idade, como desenvolver a escrita, por exemplo. Eis uma habilidade que vai desde a infância até o resto de sua vida. Este Projeto tem como finalidade maior, dentre tantas, apropriar o uso da leitura e escrita na sala de aula, uma vez que o aluno que compreende o que vê, que faz a leitura do seu próprio mundo, tende a apropriar-se da escrita e dominá-la mais cedo. Há uma grande necessidade nas salas de aula em desenvolver o gosto pela leitura e escrita, daí aproveitamos o uso de materiais que eles gostam muito para servir de exemplos: Os Livros Paradidáticos.


Objetivos:

Geral:

  • Desenvolver a leitura e escrita com os alunos participantes do projeto, visando à produção de histórias e apresenta-las em formato de livro infantil.

Específico:
  • Narrar histórias com início, meio e fim;
  • Sensibilizar a outros com suas narrativas;
  • Encadear fatos que tenham uma seqüência lógica;
  • Empregar palavras diferenciadas do vocabulário em uso;
  • Compreender a esquematização de um livro, desde o autor à sua biografia;
  • Escrever histórias e apresenta-las em formato de livro infantil;
  • Realizar uma tarde de autografo com os escritores mirins.


Metodologia:

Duas vezes durante a semana, em sala de aula, são realizadas leituras compartilhadas de livros , jornais, revistas, livros paradidáticos, logo após a leitura é aberto um grande debate em sala de aula.
Na sala de aula existe o “ Cantinho da Leitura” os alunos pegam livros para lêem na sala e levam emprestado para ler em casa.Os livros lidos são contabilizados  no final de cada mês  e divulgados em sala para um maior incentivo entre os alunos.
A cada livro lido, é feita anotação em um cartaz de leitura, fixado em sala de aula.
Após as etapas de: Leitura, debate e visita ao cantinho da leitura, os alunos iniciam  suas próprias produções, que são entregue ao professor e repassados ao gestor da escola para posterior digitação e reprodução.
Com os livros devidamente digitados e copiados, organiza-se a tarde de autografo, onde Cada “escritor mirim” recebe uma quantidade das suas produções, autografam e distribuem com os alunos, parentes, amigos e visitantes do evento.


Público Alvo:

Este projeto busca atender alunos matriculados do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental, visando atingir às demais séries.


Cronograma:
               O referido projeto é realizado de março a novembro. E teve suas atividades iniciados em março de 2009.
As atividades têm desenvolvimento na sala de aula e também em casa onde os alunos se inspiram, escrevem e até ilustram os seus próprios livrinhos.
·         Março a junho _  Leitura e produção dos livros  pelos alunos.
·         Julho e agosto _ Revisão dos livros produzidos, pelo professores e alunos.
·         Setembro a novembro _ Digitação, reprodução dos livros e tarde de autógrafos.
          

Materiais:

Livros paradidáticos, Lápis, borracha, canetas para colorir, lápis de cor, folhas de papel A4.


Avaliação:

 A avaliação ocorre de maneira continua e culmina com as produções dos alunos, a cada encontro realizado no dia de autógrafos com os “Escritores Mirins” para divulgação e distribuição dos livros escritos pelos alunos.  

Projeto Desenvolvido por alunos do 4º ano da Escola de Natuba, vitoria de santo Antão PE
Professoras: Edite, Fatima e Gabi

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Negro sim, Senhor!

Sou negro da liberdade,
Inimigo da escravidão,
Negro do côco de roda,
Da roda de samba canção,
Trabalhador do dia a dia
Que vive com alegria
Construindo sua nação.

Sou negro do teatro,
Da novela na televisão,
Da cultura brasileira,
Do cinema de exportação.
Sou o negro jornalista
Sem dúvida, sou artista,
Sou poeta, sou cristão.

Sou soldado de fileira,
Comandante de batalhão,
Paraquedista de primeira,
Sou piloto de aviação.
Sou da Marinha de Guerra,
Sou Fuzileiro da minha terra,
Sou chefe da grande nação.

Sou o rei do futebol
Do país penta-campeão.
Sou Pelé, sou Ronaldinho,
Sou também Julio Negrão.
Sou atleta brasileiro,
Sou até pai de terreiro,
Um respeitado cidadão.

Homenagem à semana da consciência negra.
Ivanildo Montenegro de Oliveira
Professor da Escola de Natuba.
Vitória de Santo Antão - PE.

Natuba, 16 de novembro de 2010.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Não posso

Não quero
Não posso fazer nada
Minha alma está guardada
E não quer fazer nada

Meu corpo está mole
E não faz nada
Minha alma é preguiçosa
E só come torta

Eu sou Douglas, preguiçoso
Só fico na cama deitado
Pensando, o que vou fazer
O que vou fazer?

Não posso
Não quero

Minha mãe não deixa
Minha mãe nao deixa

Só posso
Só quero
Ficar na cama

Só posso
Só quero
Ficar na cama

Minha mãe não deixa
E eu só quero ficar na cama
Só quero ficar na cama.

Texto de Douglas Ramos, 08 anos

A felicidade

"A evolução é um processo “ad eternum”, não tem fim, e, portanto, a maior felicidade ao alcance do ser humano está no caminhar na direção correta. Adicionalmente, se não existe um porto de chegada não adianta correr e, portanto, é preciso ser feliz no navegar.

A felicidade está em se sentir em sintonia com o mundo, que se está evoluindo na velocidade adequada. Portanto, se as necessidades de Segurança, Liberdade, Ter, Ser e Amar existem para garantir a nossa evolução e sobrevivência, estar em sintonia com o mundo é estar satisfeito com o atendimento destas necessidades. Ela só é possível para quem coloca a satisfação das necessidades ao seu alcance, minimiza-as o suficiente para que possam ser atendidas, faz com que elas estejam compatíveis com a própria capacidade de atendimento. Quanto menores forem as necessidades, mais rápido ocorrerá o seu atendimento. Isto não implica deixar de crescer, pois não há saciedade do desejo de evoluir, mas apenas a satisfação com a velocidade com que isto ocorre. Evoluir está na essência do ser humano. O filho pródigo busca a felicidade “fora de casa”, mas volta porque a felicidade somente pode ser encontrada “na própria casa”, no próprio interior da pessoa.

O caminho da felicidade é o caminho do menor sofrimento, da coragem e da persistência. A pessoa não deve buscar o sofrimento como forma de evolução, pois para isto existe o esclarecimento. O sofrimento existe apenas para não nos deixar esquecer a realidade e para nos induzir a trilhar o caminho certo. O mundo é perfeito e a cada um é dado o sofrimento necessário à sua evolução e, portanto, todos os sofrimentos criados pelo próprio indivíduo são desnecessários.

Tudo caminha na direção da menor tensão e o homem, tal e qual todos os demais elementos da natureza, busca um estado de menor tensão interna, de paz interior. Ser feliz é evoluir harmonicamente com o universo, com o mínimo de tensão possível. O indivíduo feliz se sente integrado ao Universo, realiza o que está ao seu alcance (e se satisfaz com isto) e tem plena consciência da continuidade do processo evolutivo."


Extraido do blog: o sentido da vida